Publicado em 20/03/2018
Cada vez mais, a China vem aumentando a sua influência geoeconômica devido ao volume de comércio e fluxo de matéria-prima que vem gerando no mundo. É o país dono da maior população, 1,3 bilhão, e da segunda maior economia do planeta, com PIB de USD 11,3 trilhões e crescimento acelerado. Em 2017, cresceu 6,9%, desempenho bem superior aos 2,7% dos EUA, a economia número 1 do mundo.
Os chineses têm na parceria com o Brasil um dos mais importantes pilares para dar sequência a todo esse desenvolvimento, o que deve gerar a injeção de bilhões de dólares na economia brasileira nos próximos cinco anos. A China trabalha com planos quinquenais, estratégia que teve início em 1953 e vem dando resultados, sempre trabalhados com assertividade e foco setorial.
O plano atual, iniciado em 2016 e que passa por revisões anuais, aponta grandes investimentos em infraestrutura, energia e, principalmente, agronegócios. Com relação a esse terceiro tópico em especial, não há parceiro no mundo melhor do que o Brasil. A produção brasileira é vista com a única capaz de alimentar a China, país extremamente populoso, mas de pouca área cultivável.
Essa relação será altamente relevante ao Brasil. Quando se fala em agronegócio, aborda-se não somente a produção, mas sim a cadeia completa: sementes, adubo, insumos, tecnologia, colheitas, logística, equipamentos como trator, dentre outras questões. Observando-se esse escopo completo, entende-se porque a China tem feito altos investimentos no Brasil em portos e no setor energético, por exemplo. É a energia elétrica o principal insumo que garante a produção agrícola, assim como uma boa infraestrutura é necessária para garantir o escoamento e a distribuição dessa produção.
Para além do agronegócio e da infraestrutura, vale reforçar que a China está diversificando os seus investimentos. E o Brasil pode se valer dessa diversificação para maximizar oportunidades em outros setores. Minérios de ferro, petróleo e seus derivados estão entre os principais pontos de interesse da China no Brasil. Nesta década, mais de 40% da produção de minério brasileira tem sido exportada para a China. Estudos, como o do Banco Mundial, apontam que a relação com a China pode prover oportunidades de crescimento de até 13% em determinados setores da economia brasileira, sobretudo os já citados agronegócio e mineração.
Desafios
Para se otimizar todas essas oportunidades, uma série de desafios se apresentam. Externamente, ao Brasil, cabe uma politica mais intensa de entrada no mercado chinês, que está aberto a essa via de mão dupla. Enquanto a participação de empresas de capital chinês no Brasil é algo cada vez mais comum (marcas tradicionais como Chery, JAC, Foxconn, Lenovo, Huawei, ZTE e Sinopec, além de outras em que os chineses mantém o controle acionário a exemplo do ClubMed, Pirelli, Volvo, Repsol e Motorola), a presença das empresas brasileiras em território chinês ainda é tímida, diferentemente das empresas norte-americanas, por exemplo, consolidadas no mercado chinês. O Brasil ainda não possui uma visão clara de como explorar esse mercado.
Internamente, as análises se voltam para a complexidade do sistema regulatório brasileiro, sobretudo o tributário, e para diferenças de fuso horário (Pequim está 11 fusos à frente de Brasília), idioma e particularidades culturais. Com relação a este último ponto, vale atenção especial ao estilo e à capacidade de negociação do executivo chinês. Na cultura do país, o interesse por negociar e o desenvolvimento de habilidades específicas estão incorporados ao dia a dia de todo cidadão desde o seu nascimento. É cultural: na China, a criança é ensinada desde cedo a negociar.
Já quanto aos outros aspectos, o chinês precisará da expertise de executivos brasileiros experientes para compreender o sistema regulatório e as idiossincrasias do Brasil. Também será necessária uma equipe pronta para atuar em mandarim e dentro do fuso horário chinês, dando respostas em tempo real.
É uma via de mão dupla com excelentes oportunidades para todos!
Hsieh Yuan (ao fundo) discursa em debate do Ibmec
Hsieh Yuan é diretor no Brasil do China Desk, departamento da Mazars voltado a atender as empresas chinesas em todas as suas necessidades. A partir de uma atuação integrada entre os dois países, o China Desk oferece a gama completa de serviços da Mazars a empresas de capital chinês e parceiras, além de disponibilizar especialistas internacionais multidisciplinares prontos para atender as necessidades mais específicas nos mais variados setores.
Confira como foi a mesa-redonda no Ibmec
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